Preliminar de qualidade Pesquisa de especialistas brasilienses, publicada em conceituada revista científica norte-americana, mostra que o aquecimento, tão controvertido, melhora o rendimento de competidores
29/04/2014 12:21
Com um grupo de ciclistas, o estudo apontou aumento de rendimento de 6%, graças ao aquecimento, num teste de contrarrelógio de 20km |
O número pode parecer pequeno, mas, na prática, a porcentagem é significativa. Em uma prova de contrarrelógio, 6% podem significar uma boa melhora na classificação. Vencedora da prova de 20km no Campeonato Brasileiro de Ciclismo de Estrada do ano passado, a goiana Clemilda Fernandes poderia ter perdido caso a cearense Fernanda Souza, que ficou em segundo, tivesse pedalado 6% mais rápido. “No meu tempo, eu melhoraria 1min31s se tivesse esse crescimento de rendimento”, afirma Clemilda, destacando que evoluir esse tempo em uma prova é difícil.
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Entre o aquecimento e o ciclismo, eles tinham apenas 10 minutos de intervalo para descansar. “Vimos que as variáveis fisiológicas não se alteraram, mas o desempenho com musculação prévia foi 6% mais rápido no contrarrelógio de 20km. Eles pedalaram com mais velocidade após o esforço”, explica o fisiologista do exercício Renato Silva, um dos autores do estudo. “Adaptado à atividade que acabou de fazer, o músculo se acostuma rapidamente com o movimento do ciclismo, melhorando o rendimento por tornar a pedalada mais fácil.”
Melhora
Ao lado de outros cinco especialistas, o profissional que atua diariamente na rotina de atletas vê no resultado uma grande função prática. “Tivemos a preocupação em tornar o estudo palpável para técnicos poderem aplicar isso nos treinos”, ressalta. Ele observa que as tentativas de aumentar o rendimento na bike são sempre focadas em longos períodos de treinamento. “Essa metodologia mostra que dá para melhorar o desempenho imediatamente antes de uma prova, com uma atividade acessível”, emenda Renato Silva.
Orientado pelo professor da Universidade de São Paulo (USP), o grupo de estudos em psicofisiologia do exercício da Universidade Católica de Brasília (UCB) pretende dar continuidade à pesquisa e ampliar as distâncias alcançadas pelos atletas. “O estudo vai de encontro a uma cultura que diz que o ciclista não precisa fazer musculação”, ressalta Renato. De acordo com ele, o aquecimento melhora a posição do indivíduo na competição. Em treino, permite pedalar de forma mais intensa, alcançando velocidades mais altas. “Isso faz com que o atleta chegue às disputas mais condicionado”, diz.
Uso prático
A pesquisa do grupo de estudos em psicofisiologia do exercício da Universidade Católica de Brasília (UCB) foi publicada no Journal of Strength and Conditioning Research, nos EUA, em fevereiro. Concorrida no meio acadêmico, a revista científica é focada em pesquisas práticas. Ela é constantemente consultada pelo Comitê Olímpico americano, que usa os estudos para melhorar o trabalho de treinamento dos atletas.
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